Relatos que inspiram: professora vivencia avanços e transformações na vida dos alunos por meio do Matemática na Rede

31/07/2024 20h50 - Atualizado em 05/08/2024 21h15

Desde pequena Silvia Ramer sonhava em ser professora. Ela lembra que brincava com suas colegas de dar aulas, e, como não tinham giz de quadro, usavam carvão para escrever em pedaços de tábuas. Por motivos pessoais, ela não conseguiu terminar o Ensino Médio na idade correta, que na época era chamado de Magistério. No entanto, alguns anos depois, com o apoio da família, conseguiu concluir os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que lhe abriu as portas de oportunidades para o seu futuro. Após terminar a EJA, Silvia ganhou uma bolsa integral em uma faculdade, onde cursou Licenciatura em Matemática.

Em 2014, Silvia realizou um dos seus sonhos: se tornar professora e ser contratada para trabalhar na rede pública de ensino do Espírito Santo. Atualmente, ela leciona como professora de Matemática na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Luiz Jouffroy, localizada no município de Laranja da Terra e no Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (NEEJA) da EEEFM Prof.ª Aleyde Cosme, no município de Itarana.

Matemática na Rede

Na EEEFM Luiz Jouffroy, Silvia também atua como professora do Projeto Iniciação Cientifica de Matemática (PicMat) do Programa Matemática na Rede. “Ingressei no Matemática na Rede em 2016, quando foi iniciado o Projeto Monitoria de Matemática, como professora voluntária. No ano seguinte, fui aprovada para ser professora do PicMat Laranja da Terra, cujo objetivo é proporcionar aos estudantes uma base sólida em cultura matemática, aprimorando a precisão na leitura e na escrita de resultados, além de desenvolver técnicas, métodos e a independência do raciocínio analítico, por meio da resolução de problemas”, explicou a docente. O Programa Matemática na Rede também tem como objetivo, estimular os estudantes a participarem de competições de conhecimento, sobretudo, da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).

Medalhas na OBMEP

Silvia lembra que em 2017 um dos seus alunos conquistou a primeira medalha de prata. Segundo ela, foi um momento de muita felicidade para todos da comunidade escolar. “Recordo que, até 2016, a EEEFM Luiz Jouffroy, onde atuo hoje, não tinha nenhum medalhista, apenas menções honrosas. Hoje, analisando os dados, já conseguimos alcançar quatro medalhas de prata, além das medalhas de bronze e várias menções honrosas. Recebemos, no dia 24 de maio de 2023, o troféu do Programa Matemática na Rede, que reconhece a contribuição da escola para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem da Matemática no Estado”, contou.

Em seu relato, a professora recordou, também, que em 2023 uma de suas alunas da escola estava sempre desanimada durante as aulas, e que, com jeitinho, foi se aproximando da estudante, para entender o que estava acontecendo. “A discente me relatou que não gostava de Matemática, mas que com muita conversa e muito diálogo ela começou a participar das aulas, resolvia as questões, anotava seus erros, ia ao quadro. Este ano, ao visualizar a listagem dos estudantes aprovados na prova de seleção do projeto, localizei o nome da aluna, e, ao vê-la nos encontros participando, só me faz crer que estamos no caminho certo, promovendo um ambiente de estudo e dedicação, fundamentais para o sucesso dos estudantes”.

Curiosidades

Segundo Silvia, o Matemática na Rede é a transformação que causa nos estudantes. “Muitos chegam tímidos e inseguros, mas ao longo do tempo, tornam-se confiantes e determinados. Eles passam a ver a Matemática como uma ferramenta poderosa para entender o mundo ao seu redor e alcançar seus sonhos. É gratificante ver o crescimento de cada um deles e saber que, de alguma forma, o programa, em parceria com as escolas, vem contribuindo para o seu desenvolvimento e sucesso”, relatou.

A coordenadora regional do Programa Matemática na Rede, Lenise Fassini, acompanha de perto o trabalho da professora Silvia e dos demais professores da região Central Serrana. Ela falou sobre o trabalho da Silvia e sobre a importância deste programa para os estudantes. “Silvia, assim como eu, também está no Matemática na Rede desde o início, uma professora brilhante, extremamente preocupada com a educação pública e de qualidade. Uma pessoa serena e paciente, sempre em busca de aprimorar seus conhecimentos e repassar adiante aos seus alunos”, disse.

“Estamos juntos nessa jornada há bastante tempo, pelo bem da educação matemática capixaba, melhorando sempre as ideias de um ano para o outro, e mantendo um diálogo com a coordenação geral do Matemática na Rede. O programa permite aos jovens talentos da educação pública capixaba aprofundar seus conhecimentos em Matemática, e isso só é possível graças a essa equipe de profissionais que possuem um mesmo ideal”, afirmou a coordenadora regional, Lenise.

As conquistas de Laranja da Terra

Antes da implementação do Matemática na Rede, o município de Laranja da Terra só tinha uma conquista em todas as edições da OBMEP (2005 a 2015). Já no primeiro ano de Iniciação Científica de Matemática com a professora Silvia, em 2016, o município conquistou uma medalha de prata e hoje, totaliza 13 conquistas em todas as edições da OBMEP. Com essas conquistas, atualmente o município ocupa a 14ª posição no ranking dos municípios capixabas, usando o índice de medalhas da OBMEP por 1.000 habitantes (IMH). Esse ranking pode ser acessado nos anexos da pesquisa “O desempenho dos capixabas na OBMEP e as contribuições do Matemática na Rede para o Ensino de Matemática no Espírito Santo”, disponível no link https://sca.profmat-sbm.org.br/profmat_tcc.php?id1=7473&id2=171055975 - páginas 128 e 129).

Texto: Soraia Camata Canal

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